quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Resenha | As Crônicas de Nárnia - A Cadeira de Prata


A resenha de hoje é sobre o livro "A Cadeira de Prata", o sexto volume da ordem cronológica da série "As Crônicas de Nárnia" escrita pelo britânico C. S. Lewis. Publicado originalmente em 1953, o livro é dividido em 16 capítulos
 e contém 111 páginas. Dessa vez, não temos a presença dos irmãos Pevensie, mas reencontramos Eustáquio, que participou da aventura do livro anterior, agora ele não é mais aquele menino chato de antes, após sua passagem por Nárnia, sua personalidade melhorou bastante. 

A história de “A Cadeira de Prata” começa em um Colégio Experimental, onde os alunos faziam o que quisessem e não recebia punição. Jill Pole estava chorando atrás do ginásio por causa de uns alunos que estava implicando com ela. Enquanto está escondida, Eustáquio que estava passando por ali, esbarra na menina e logo os dois começam a conversar. Para acalmá-la, Eustáquio conta a aventura que ele viveu em Nárnia, sobre Aslam e ela acaba acreditando, logo os dois começam a fazer uma espécie de oração para Aslam desejando poder sair daquele lugar terrível. 

Ao escutar as vozes dos outros alunos que estavam atrás deles, Eustáquio e Jill começam a fugir em direção a uma porta que vivia trancada na esperança que ela estivesse aberta naquele dia, após uma tentativa, a mesma se abre revelando uma paisagem diferente da que eles esperavam. Agora ambos estavam no alto da montanha, para mostrar que não tem medo, Jill chega na beira do precipício, Eustáquio tenta puxá-la de volta, mas acaba caindo e a garota fica se sentindo culpada. 

“Chorar funciona mais ou menos enquanto dura. Porém, mais cedo ou mais tarde, é preciso parar de chorar e tomar uma decisão.” 


Jill fica ainda mais apavorada quando vê um leão enorme e falante a sua frente. É nesse momento que ela conhece Aslam, que a tranquiliza em relação a Eustáquio e passa uma missão para as duas crianças: eles devem encontrar o príncipe Rilian que está desaparecido a dez anos, filho do Rei Caspian X que agora encontra-se idoso e a beira da morte. E para conseguir cumprir essa missão, Aslam passa os 4 sinais que os ajudaria a encontrar o príncipe, o leão pede para que a garota decore tudo e a aconselha repeti-los todos os dias para que não esqueça. 

A garota é enviada por Aslam para o mesmo local de Eustáquio, que está observando a distância um rei com uma idade avançada se despedindo de seus súditos antes de embarcar num navio. Quando o garoto descobre que aquele senhor, na verdade é Caspian, ele fica chocado. E por Jill não ter conseguido contar as instruções de Aslam para Eustáquio a tempo, eles acabam perdendo a primeira pista fazendo com que a missão já comece dando errado. 

“O tempo que a gente passa aqui não leva tempo nenhum em nosso mundo. Entendeu? Vou lhe explicar melhor: mesmo que fiquemos aqui durante muito tempo, quando voltarmos para o colégio será o mesmo momento em que saímos de lá...” 



Mas eles ganham a ajuda de outros narnianos, como uma coruja Plumalume que realizou uma reunião com outras corujas para resolver essa questão, pois com o rei cansado de perder soldados e não obter nenhum sucesso, ele suspende as buscas pelo seu filho, e com certeza o lord regente Trumpkin não permitiria que as crianças fossem nessa arriscada missão. Os meninos teriam que iniciar uma aventura por conta própria, então as corujas chegam a conclusão que o único que poderia acompanhá-los nessa aventura seria um paulama (um ser que é uma espécie de mistura de homem com sapo). E assim conhecemos Brejeiro, um paulama que por sinal é muito pessimista, mas que torna a história muito divertida. 


Esse trio passa por diversas aventuras bem inusitadas e perigosas, terão que explorar as Terras Agrestes do Norte de Nárnia, onde vivem gigantes nada amigáveis, no caminho encontrarão com a Dama do Vestido Verde que fará com que os três se instalem em um castelo de gigantes que comem humanos – com o objetivo que as crianças desviassem de sua missão - e essa pequena aventura fará com que Jill acaba por esquecer-se de repetir os sinais de Aslam. 

Os personagens também passarão pelo Reino Profundo (um mundo subterrâneo onde vive terrícolas tristes), lugar onde eles finalmente enfrentarão a poderosa Feiticeira Verde e também encontrarão com o Senhor do Tempo. 


Nessa história, temos maravilhosas referências aos livros anteriores, que fazem bater aquela nostalgia. Inclusive, a Dama do Vestido Verde lembra um pouco a Feiticeira Jadis, com o mesmo desejo em conquistar Nárnia, mas a diferença é que os poderes da Feiticeira Verde são mais persuasivos e dominadores. 

Devo dizer que Brejeiro é sem dúvida o meu personagem preferido desse livro, ele que é a chave para que essa missão seja cumprida com sucesso, não sei do que seria das crianças sem ele, pois Brejeiro realmente salvava as situações, ele é um grande herói, tenho muito orgulho desse personagem! 

Brejeiro, apesar de ser sempre pessimista e melancólico, por incrível que pareça, sempre tem frases otimistas e inspiradoras, inclusive ele é dono das frases mais bonitas (na minha opinião) e que por sinal, são as mais famosas da série. 


E aqui vai o trecho com uma das falas mais lindas e emocionantes de Brejeiro:

“– Uma palavrinha, dona – disse ele, mancando de dor –, uma palavrinha: tudo o que disse é verdade. Sou um sujeito que gosta logo de saber tudo para enfrentar o pior com a melhor cara possível. Não vou negar nada do que a senhora disse. Mas mesmo assim uma coisa ainda não foi falada. Vamos supor que nós sonhamos, ou inventamos, aquilo tudo – árvores, relva, sol, lua, estrelas e até Aslam. Vamos supor que sonhamos: ora, nesse caso, as coisas inventadas parecem um bocado mais importantes do que as coisas reais. Vamos supor então que esta fossa, este seu reino, seja o único mundo existente. Pois, para mim, o seu mundo não basta. E vale muito pouco. E o que estou dizendo é engraçado, se a gente pensar bem. Somos apenas uns bebezinhos brincando, se é que a senhora tem razão, dona. Mas quatro crianças brincando podem construir um mundo de brinquedo que dá de dez a zero no seu mundo real. Por isso é que prefiro o mundo de brinquedo. Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam. Quero viver como um Narniano mesmo que Nárnia não exista. Assim agradeço sensibilizado a sua ceia, se estes dois cavalheiros e a jovem dama estão prontos, estamos de saída para os caminhos da escuridão, onde passaremos nossas vidas procurando o Mundo de Cima. Não que nossas vidas devam ser muito longas, certo; mas o prejuízo é pequeno se o mundo existente é um lugar tão chato como a senhora diz.” 

(Brejeiro, o Paulama, para a Dama do Vestido Verde – As Crônicas de Nárnia, A cadeira de Prata)

Foi uma leitura muito divertida, bem fluida e envolvente, foi muito bom se envolver nessa aventura, sair dos castelos e conhecer mais um pouco além das terras narnianas, os novos seres que até então eram desconhecidos por nós leitores dessa série. 

Espero que tenham gostado de embarcar nessa aventura, até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário