sexta-feira, 6 de maio de 2022

A Abadia de Northanger, de Jane Austen


Obra escrita ainda na juventude de Jane Austen e publicada pela primeira vez, postumamente, em 1818. “A Abadia de Northanger” se refere a um clássico romance da literatura inglesa. A edição do livro que li, contém 208 páginas e foi publicado em 2018, pela editora Ciranda Cultural.

O enredo gira em torno de Catherine Morland, uma jovem ingênua, espontânea, apaixonada por romances góticos. Carinhosamente chamada de heroína pela autora, a jovem de apenas dezessete anos, viaja pela primeira vez “sozinha” do vilarejo onde mora com seus pais, na companhia de um casal de amigos, os Allen, para passar uma temporada em Bath.

Criada no interior, Catherine se deslumbra com o cotidiano da cidade e dedica seus dias à passeios e bailes elegantes, onde acaba conhecendo Henry Tilney, um jovem cavalheiro bem humorado, pelo qual ela quase que no mesmo instante, se encanta.

Logo, Catherine também conhece uma jovem que vira sua melhor amiga, Isabella Thorpe, que em breve se torna noiva de seu irmão, James Morland. Pra nossa heroína esse acontecimento era como um presente do destino, sua melhor amiga seria também sua cunhada. Catherine também conhece o irmão de Isabella, John Thorpe, um ser inconveniente e presunçoso, que na insistência em cortejá-la, acabara criando várias situações embaraçosas para a jovem.

Após vivenciar muitas aventuras em Bath, Catherine que tinha se tornando amiga de Eleonor, irmã de Henry, é surpreendida com um convite por parte do general Tilney, pai dos dois, para passar um tempo como hóspede na propriedade da família, em Abadia de Northanger, uma antiga construção idêntica às que ela admirava em seus livros, como em Os mistérios de Udolpho” um dos preferidos de nossa heroína. 

Ao chegar lá, além do encantamento, Catherine que tinha uma imaginação fértil começa a fantasiar diversas situações. Convicta de sua crença e movida pela curiosidade e angústia, nossa heroína passa a aventurar-se em investigações sobre os mistérios assombrosos que ela acreditava ter acontecido na Abadia, o que a levou viver momentos engraçados, ridículos até, e outros um tanto quanto constrangedores.

Até então, o general que tinha se mostrado hospitaleiro e simpático, por vezes até ter deixado transparecer o desejo de ter Catherine como nora, de repente, sem qualquer explicação ou consideração a expulsa de casa, causando grande constrangimento a todos. A nossa heroína frustrada, se vê agora voltando para casa, encarando o trajeto de uma longa viagem, agora literalmente sozinha, sem sequer ter tido a oportunidade de se despedir de Henry.

Ao decorrer da trama, Catherine que até então não via maldade nas pessoas, descobre que a falsidade existe e vivencia decepções, causadas por parte de quem ela menos esperava. Além disso, descobre que a realidade não é tão empolgante quanto as histórias contadas nos livros.  

O destino, porém, surpreende Catherine com a súbita presença de Henry que a pede em casamento. Porém, a revolta do coronel que agora rejeitava a nossa heroína, com o argumento de que fora enganado quanto à posição econômica da jovem, era empecilho para um futuro casamento entre os dois. Além disso, os pais de Catherine, só consentiriam o casamento se o pai de Henry também o aprovasse.

"(...) a interferência injusta do general, longe de ser de fato danosa para a felicidade deles, foi talvez uma das causas dela, ao fazer com que os dois se conhecessem melhor, e fortalecendo a ligação entre eles (...)."

A forma como essa história se desenrola foi uma feliz surpresa. Além do mais, foi bom ver a tímida Eleonor ganhar relevante destaque na trama, além de um inesperado final feliz.



Assim como em Orgulho e Preconceito, a autora Jane Austen aborda a temática sobre os costumes da sociedade em uma época que era "normal" os casamentos arranjados, onde a opinião da mulher não era levada muito à sério. Além disso, no decorrer da leitura, a autora com um tom de desabafo, faz uma breve, mas intensa crítica aos que desvaloriza os autores de romance e menospreza esse estilo literário.  

"(...) parece haver quase um desejo geral de condenar a capacidade e desvalorizar o trabalho do romancista, além de desprezar os desempenhos que têm apenas genialidade, inteligência e bom gosto para recomendá-los."

Um romance "juvenil", que nos traz uma leitura leve e agradável. Só penso que o desenrolar da trama foi muito corrido, poderia ter sido um pouquinho mais aprofundado, pra gente poder curtir com mais riqueza de detalhes os acontecimentos que ocorreram no final da história. No mais, amei acompanhar a cômica Catherine em suas aventuras, e levando em consideração a juventude da mesma, ela até que se saiu muito bem, merecendo assim, ser caracterizada como heroína. 

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